Ray Vieira colhendo sempre viva no campo de murici - São Simão - MA.

Ray Vieira colhendo sempre viva no campo de murici - São Simão - MA.
Ray Vieira no campo de murici, São Simão-MA

domingo, 1 de agosto de 2010

ray.vieira@uol.com.br

 A lenda da Mãe d’água


Tela Colheita de sempre-viva, autor Ray Vieira
Tela Fim de tarde
Tela Namoro no campo
Tela As sete irmãs
Tela Maio

O artista plástico Ray Vieira idealizou tais telas baseando-se em lendas e mitos do povo de São Simão, pequeno lugarejo localizado no interior do estado do Maranhão.
Em determinada festa tradicional da região, a população local se reúne para contar histórias como a do porco na rede, o pato pelado, a busca da murta, a busca do mastro, o lelê, o terecô das velhas, o tambor de crioula, o bumba meu boi, entre outras. Estas histórias fantásticas e cheias de mistério nutrem o inconsciente desse povo, que narra uma lenda sobre a Mãe d’água e o campo de Murici, repleto de lagoas e flores chamadas sempre-vivas.

Estavam no campo de Murici, homens, mulheres e crianças colhendo flores. Uma mulher grávida de seu primeiro filho, chamada Raquel, colhia flores sempre-vivas quando se sentiu profundamente atraída por um homem que também estava no campo. Ambos sentindo-se desejados um pelo outro entraram em uma das lagoas para namorar. No entanto, Raquel era casada. Mas no ato do namoro, algo repentino aconteceu: uma corrente se enrolou entre suas pernas, puxando-a subitamente para o fundo da lagoa. O homem não teve a mínima chance de salvá-la, porém ele desapareceu misteriosamente enquanto Raquel era tragada pelas águas. Raquel, grávida, sonhava a todo o momento com o nascimento desse filho, imaginando seu lindo rosto, e enquanto era puxada pela corrente ela gritava desesperadamente: “Pelo amor de meu filho, me solte, eu não quero morrer!” As forças das águas foram mais fortes que Raquel, que logo desapareceu. Estranhamente, após o episódio de Raquel, muitas crianças morreram afogadas na mesma lagoa. O povo local acredita então, que a lagoa é assombrada por esta que seria mãe em breve. Chamaram-na então de Lagoa da Mãe d’Água. Aqueles que são pais temem que seus filhos tomem banho na lagoa, pois acreditam que Raquel aparece nesse local. Existe um ditado no pequeno lugarejo para quem duvida de sua existência e deseja ver a Mãe d’Água. Deve-se ir até a lagoa sozinho, por volta do meio dia, e dizer a seguinte frase: “Eu vim aqui por aposta e quero levar a resposta”. Segundo o povo a Mãe d’Água atenderia este chamado e surgiria entre as águas. Alguns acreditam que este é o castigo que Raquel recebera por ter traído o marido. Já com relação aos afogamentos ocorridos, o povo comenta que como Raquel nunca viu o rosto de seu filho, pois não chegou a dar à luz, ela pegaria para si os filhos das outras pessoas, portanto, qualquer criança que se banhe nas águas. As pessoas têm muito cuidado com seus filhos para que não entrem nessa lagoa, temendo que a Mãe d’Água queira desaparecer com eles para sempre.

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